O Redação News publicou neste sábado, 5 de novembro e 2022, reportagem sobre pessoas que sobreviveram graças à doação de sangue. Em publicação especial de hoje, domingo, apresentamos um artigo escrito pelo pesquisador e professor da UFPA, além de colunista deste site, Denis Ferreira. Denis também está vivo porque alguém doou sangue para que ele pudesse passar pelas inúmeras cirurgias às quais foi submetido. Por isso, pessoalmente, pedi ao professor que escrevesse seu relato, em forma de artigo, em primeira pessoa, sobre a importância da doação de sangue. Acredito ser uma pequena, mas indispensável contribuição, para que nós, enquanto meio jornalístico, e social, possamos ajudar em uma campanha que não é finda. E deve ser de todos. (Rômulo D'Castro, diretor do Redação News).
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A doação de sangue é uma das mais nobres ações de caridade que uma pessoa pode fazer, pois uma bolsa de sangue e/ou seus derivados podem mudar a história clínica de quem sofre um acidente grave, uma doença séria ou passa por uma grande cirurgia.
Eu mesmo sou prova viva da importância do sangue doado!
Aos quinzes anos de idade, sofri um acidente, com veículo automotor, muito sério. Tive fratura exposta no joelho e outras fraturas na perna. Perdi muito sangue e graças a habilidade dos médicos que me atenderam e ao sangue transfundido eu resisti ao primeiro momento.
Mas, a jornada foi longa, muitas cirurgias, muitas bolsas de sangue transfundidas. Até que recuperei parcialmente e retomei meus estudos, terminei o ensino médio, sempre em tratamento. No entanto, devido a complicações nosocomiais [hospitalares] desenvolvi uma infecção no osso da perna.
Passei por muitas outras cirurgias, mas sem sucesso para debelar a infecção, que ao longo dos anos piorava e tomava toda a perna.
Nesse tempo, eu nunca deixei de estudar e nem de me dedicar aos preceitos divinos.
Passei no vestibular. Cursei graduação em Belém. Fiz especialização, mestrado e passei no doutorado.
Alguns anos depois eu passei em concurso público para Altamira, foi quando retornei para minha cidade do coração. Onde fui criado desde os dois anos de idade.
Já em Altamira, comecei a sentir muitas dores na perna, sangramento e muita secreção.
E em 2018, não houve saída. Desenvolvi infecção generalizada e meus órgãos internos já estavam afetados.
Internado no hospital, veio a notícia que eu precisaria ser amputado.
A situação era tão séria que pedi muitas vezes orações aos irmãos da igreja e fui ungido. Tinha fé em Deus que essa fase iria passar.
Fui amputado, sangrei muito. E precisei tomar mais de seis bolsas de sangue para resistir e sobreviver.
Graças a Deus e a um trabalho muito sério dos médicos que me atenderam eu estou aqui contanto minha história.
Nesse tempo de muito sofrimento, tive muito apoio dos amigos, familiares e, principalmente, da minha esposa.
Sou muito grato a Deus, aos médicos, enfermeiros e às pessoas que não conheço, mas que doaram o sangue que salvou a minha vida. Hoje sou um homem feliz, trabalho todo dia, tenho três filhos e uma grande rede de amigos na minha cidade.
Denis Ferreira.